DEPOIMENTO
Gabriel Soares de Sousa (1540-91) foi um dos principais cronistas nos primeiros tempos da colonização; em Tratado Descritivo do Brasil de 1587 ele observa a riqueza da cidade de Salvador:
Terá esta cidade oitocentos homens bons (proprietários), pouco mais ou menos, e por fora dela, em todos os recôncavos da Bahia, haverá mais de dois mil homens bons, entro os quais, somados aos da cidade, se pode ajuntar, quando for necessário, 500 homens de cavalo e mais dois mil a pé., fora gentes do navio que estão sempre no porto. Está no meio desta cidade uma honesta praça, em que se correm touros quando convém, na uqal estão de lado sul umas nobres casas, em que se abrigam governadores, e do lado norte estão as casas do negócio da Fazenda, a alfândega e os armazéns, e do lado leste está a casa da Câmara, a cadeia e outras casas de moradores, com que fica esta praça em quadro e o pelourinho no meio dela. Há muitos moradores ricos, possuidores de fazendas, de peças de ouro e prata, milhares de cruzados de renda , os quais propiciam a suas pessoas muita distinção e muitos cavalos, criados, escravos e vestidos demasiados, especialmente para as mulheres , porque não se vestem senão de sedas, já que a terra não é fria, no fazem grandes despesas.
(em “O Brasil Contado por Quem Viu”, de Jorge Caldeira – org.)
Exercício
A análise do quadro ao lado, “Moagem da Cana na Fazenda Cachoeira” de Benedito Calixto, datada de 1830, revela importantes informações acerca da economia e sociedade brasileira daquela época. Entre elas podemos citar:
a) a importância da produção de biocombustível, a principal alternativa energética para a crescente indústria paulista.
b) A agroindústria açucareira tinha como base o trabalho livre do imigrante europeu.
c) A necessidade do uso de força de tração animal para a moagem da cana, estimulou a atividade pecuária.
d) A produção em pequenas e médias propriedades agrícolas foi predominante na produção açucareira do nordeste brasileiro.
e) A pintura retrata o cotidiano da mais importante atividade econômica voltada ao mercado interno desenvolvida na época do Império
Veja resposta logo abaixo em comentário
FILME DA HORA
Desmundo (2003) , dirigido por Alain Fresnot, é uma adaptação do livro Desmundo, da escritora Ana Miranda. Ambientado em na década de 1550, conta a história de um grupo de órfãs portuguesas, enviadas pelo Rei ao Brasil para que casassem com colonizadores que viviam na região de São Vicente. A intenção era minimizar o nascimento dos filhos com as índias e que os portugueses tivessem casamentos cristãos. Entre elas estava Oribela (Simone Spoladore), acaba casando obrigada com Francisco de Albuquerque (Osmar Prado), um homem completamente rude, aliás como a grande maioria dos habitantes locais, e isolada na pequena propriedade rural de seu marido, um completo desconhecido para ela. Todos os temas importantes relacionados àquela sociedade colonial se fazem presentes no filme: a supremacia dos proprietários de terras e índios escravos, a resistência indígena, o patriarcalismo, o machismo e a inferioridade social e jurídica da mulher. Tudo isso em um filme intenso, que mostra com crueza a brutalidade em que se vivia a vida naqueles tempos. Para dar mais realismo, Alan Fresnot fez com que seus atores falassem numa prosódia idêntica àquela que se falava no Brasil no século XVI e com a ajuda de linguistas da UNICAMP recuperou o modo como falavam nossos antepassados de mais de quatrocentos anos atrás. Não se assuste: tem legendas em português!
Clique na imagem e assista uma cena de “Desmundo”