sexta-feira, 7 de outubro de 2011

O Início da Colonização do Brasil (II)

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PASSOU NA TV

A Muralha (2000) - Superprodução da Rede Globo esta minissérie (disponível em DVD e fácil de encontrar nas locadoras) retrata a vida na capitania de São Vicente, no início do século XVII. Era o período do domínio espanhol e o bandeirismo de caça e venda de índios como escravos voltava a acontecer com toda intensidade. Este é o contexto em que se entrelaçam uma série de tramas que envolvem os costumes, a relação com os nativos, a situação das mulheres e a rudeza da vida dos homens na região mais pobre e mais isolada dos domínios ibéricos. Baseada no romance homónimo de Dinah Silveira de Queiróz  foi realizada para as  comemorações dos 500 anos do descobrimento do Brasil, tem reconstituição de época muito caprichada e com grandes atuações de Tarcísio Meira, Alessandra Negrini, Matheus Naschtergale, Letícia Sabatela, entre outros.

Assista a trecho da minissérie “A Muralha”








  BOA LEITURA

  O Sombrio epílogo das capitanias

Poucos meses após Francisco Pereira (donatário da capitania da Bahia) ser devorado pelos Tupinambás, Pero de Campos Tourinho (donatário do Espírito Santo) foi preso pelos moradores de Porto Seguro  e remetido para Lisboa para ser julgado pela Inquisição. Àquelas alturas, Ilhéus já se encontrava praticamente despovoada, em poder dos Aimorés. Assim sendo, se nada restava das capitanias estabelecidas na outrora pacífica “Costa do pau brasil”.
Não era menos precária, nem menos dramática, a situação dos lotes que ficavam ao norte e ao sul daquela região. Desde o fracasso da expedição de Aires da Cunha (comandante militar português)  e da conquista do Amazonas pelos espanhóis, os portugueses tinham virtualmente desistido de ocupar a “costa leste-oeste”. Cunha morrera em naufrágio no Maranhão e João de Barros estava atolado em dívidas.
Por outro lado na remota “ costa do ouro e prata” apenas São Vicente se mantinha relativamente ativa. A capitania do Rio de Janeiro fora deixada no mais completo abandono por Martim Afonso, o mesmo acontecendo com a capitania de Santana (que ficava entre a ilha do Mel, no Paraná,  e Laguna, em Santa Catarina), jamais ocupada por Pero Lopes de Souza, que também havia desistido de colonizar Santo Amaro, após devastação provocada pelos Tamoio em 1539. Os Goitacás tinham expulsado Pero Góis de São Tomé, e Vasco Fernandes Coutinho, viciado em tabaco e em “bebidas espirituosas” perdera o controle sobre o Espírito Santo.
Dos 12 capitães do Brasil, apenas Duarte Coelho desfrutava de algum sucesso em Pernambuco, embora vivesse em aflições constantes, lutando contra os  Caetés e contra os traficantes de pau-brasil que se haviam instalado na abandonada capitania de Itamaracá. Além disso, o rei d.João III teimava em não responder suas cartas.

(Eduardo Bueno - Capitães do Brasil, pg. 269)



Interprete o Texto

O autor comenta a situação das capitanias instaladas no Brasil ao início da colonização e as razões que levaram a tal situação. Destaque os trechos que apontam como motivo para o insucesso do sistema:
a)      a hostilidade indígena
b)      falta de recursos ou de apoio estatal.


 veja resposta logo abaixo em comentário

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Período Pré Colonial (até 1532)

João Ramalho por José Wasth Rodrigues (1891-57)
Com mais de 30 anos João Ramalho foi degredado para o Brasil, chegando ao litoral de São Paulo no ano de 1512. Quando Martim Afonso chegou naquela região para fundar a primeira vila portuguesa no Brasil vinte anos mais tarde, João Ramalho já era o grande senhor de terras e de escravos indígenas daquela região. Vivia próximo a atual cidade de Santo André (SP) e tinha dezenas de esposas e filhos, sendo que a principal delas foi Bartira, filha de Tibiriçá, principal chefe indígena tupiniquim.  Quando chegaram os jesuítas na região, escandalizaram com os modos daquele português que havia se indianizado. Pe. Manuel da Nóbrega escreveu ao rei português dizendo que Ramalho era “o motivo de um escândalo (petra scandali)...Tem muitas mulheres e eles e seus filhos andam com as irmãs de suas esposas e têm filhos delas. Vão à guerra com os índios e suas festas são de índios e assim vivem, andando nus com os mesmos índios.”

João Ramalho por Jayme Leão (1952)
O jesuíta quis impedir que João Ramalho se casasse na Igreja com Bartira pois o acusava o português de também dormir  com suas irmãs e outras parentas, o que no direito canônico implicava a proibição do casamento. Mas logo os padres perceberam que não só era inútil como indesejável uma disputa contra o escandaloso Ramalho, já que por seu intermédio recebiam o apoio de Tibiriçá para seu trabalho de catequese. Como ponta de lança da colonização poderia garantir tanto o sucesso ou  fracasso da missão.

Morreu após 1580, com em torno  de cem anos de idade, algo muito raro naqueles tempos. Nos registros da época  não foi possível elencar todos os herdeiros de João Ramalho que declarava possuir uma prole de 70 filhos.

Fonte: Dicionário do Brasil Colonial – Ronaldo Vainfás (org)