terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Gabaritos dos EXERCÍCIOS EXTRAS de História do Brasil

Bio-Exatas pg. 134 / Humanas pg. 144

1.
a) A intensificação do processo de industrialização, do êxodo rural e da migração inter-regional
foram os principais fatores que contribuíram para o crescimento da população paulistana no período de 1940 a 1970. A industrialização concentrada no eixo Rio-São Paulo torna esses municípios os principais polos de atração de mão de obra (de outras regiões, do meio rural), além das precárias condições socioeconômicas destas áreas de emigração.
b) Entre as causas da desaceleração do crescimento populacional no município de São Paulo a partir de 1980, podemos citar: a redução do êxodo rural e queda do crescimento vegetativo,
devido ao processo de industrialização do município, à elevação do custo de vida nas regiões urbanas, à redução dos membros da família, ligada à entrada da mulher no mercado de trabalho, ao maior acesso a métodos contraceptivos e à melhoria do nível educacional, levando a um planejamento familiar mais eficiente.

2. 
O poeta Castro Alves foi um dos expoentes do Movimento Abolicionista que se manifesta no decorrer da segunda metade do século XIX no Brasil monárquico. A escravidão africana estabelecida no Período Colonial se estendeu após a emancipação política da colônia até o final do século XIX. O poeta contrasta, com imagens literárias, um suposto mundo de liberdade que os africanos viviam em seu solo natal com o cativeiro a que foram submetidos no Brasil. Sua poesia, com forte conteúdo emocional e expressivo, contribuiu bastante
para a ampliação do Movimento Abolicionista naquela época.
b) Considerava-se que a grande propriedade agrário-exportadora, uma economia voltada para o mercado externo e a escravidão constituíam-se nos pilares que davam sustentação ao regime monárquico. O mercado nacional de escravos garantia a preservação e unidade do regime monárquico. Todavia, no decorrer do século XIX, a cafeicultura na região Sudeste torna-se cada vez mais importante na economia nacional. Emerge então uma nova elite empresarial do café que passa a utilizar a mão de obra constituída de imigrantes europeus e que aspira a utilizar o Estado como instrumento de seus interesses. Em 1870 é lançado o Manifesto Republicano, que associa a monarquia à centralização política e a república ao regime federativo no qual se propõe mais autonomia política aos poderes locais. Ações e decisões inábeis do governo central em relação aos militares, que se expressam nas chamadas Questões Militares, e confrontos com a Igreja, que se expressam nas chamadas Questões Religiosas, resultam em provocar um descontentamento generalizado em relação à monarquia. A abolição da escravidão (1888) viria a eliminar os últimos sustentáculos políticos do regime – os proprietários de escravos –, que no conjunto vão resultar no colapso da monarquia e na implantação da República.

3.
a) A Revolução de 1930 conduziu Getúlio Vargas ao poder, colocando fim à Primeira República (1889-1930).   A partir daí o governo tomará medidas no sentido de promover a industrialização, como a criação do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio. Assim, no plano econômico, houve um consequente deslocamento do eixo dos setores agrários para o setor industrial, com o enfraquecimento do modelo agroexportador e a consequente aceleração de um processo industrial em que o Estado se coloca como empresário na constituição de indústrias de base.
b) No plano social, o processo migratório (que consistiu no deslocamento de populações dos meios rurais para os centros urbanos, bem como o fluxo de imigrantes estrangeiros em busca de novas oportunidades) leva à construção de um novo tecido social e populacional urbano-industrial. Após o movimento de 1930 se verifica a aprovação de uma legislação trabalhista que procurou assegurar um mínimo de garantias aos trabalhadores assalariados no setor urbano. Getúlio Vargas procurou integrar os sindicatos para o apoio ao governo, estabelecendo o Estado como mediador das relações entre o Capital e o Trabalho, afastando anarquistas e comunistas das lideranças sindicais.

4. 
a) O quadro da esquerda, pintado por um brasileiro, traz elementos que destacam uma visão heroica e de exaltação da vitória sobre o Paraguai. Os soldados estão acenando com seus chapéus e comemorando a destruição da frota inimiga, em chamas ao fundo. O quadro da direita, pintado por um uruguaio, apresenta elementos que demonstram um visão mais crítica,
de Renúncia das consequências da guerra. Uma mulher solitária observa corpos de soldados e material bélico destruído em um cenário arrasado pelos combates.
b) A Bacia Platina foi palco de diversos conflitos no século XIX. As posições conflitantes quanto à livre navegação e entre os projetos hegemônicos — como os da Argentina de Rosas e do Paraguai de Solano López — foram importantes ingredientes dessa situação. Entretanto estava também em pauta a formação e consolidação dos estados sul-americanos. Um exemplo relevante foi a “Guerra contra Oribe”, em que a interferência brasileira ocasionou a queda dos blancos e a ascensão dos colorados no Uruguai. Esse conflito desembocou ainda na “Guerra contra Rosas”, contra, Argentina.

5.
a) Entre 1920 e 2000, o Brasil passou por profundas transformações demográficas, dentre as quais podem ser destacadas: queda da taxa de natalidade, o que contribuiu para a redução da parcela de jovens na população; redução da taxa de mortalidade, que contribuiu para a elevação da parcela de idosos na população; e intensa migração campo-cidade, também conhecida como êxodo rural, que provocou a redução da população rural e o rápido aumento da população urbana (situação mostrada no gráfico).
b) A acelerada urbanização pela qual o Brasil passou, uma das maiores do mundo, provocou inchaço urbano e profundas mudanças sociais, dentre as quais podem ser destacadas as seguintes: — marginalização social de milhões de cidadãos que, chegando às cidades, não foram por elas absorvidos e, empurrados para a periferia das grandes metrópoles, favoreceram a ampliação do favelização; — manutenção de elevadas taxas de desemprego e subemprego urbanos, gerados pelo excesso de população nas cidades e pelo seu acelerado crescimento demográfico; — ampliação ou manutenção das desigualdades socioeconômicas, bem representadas pela má distribuição da renda.

6.
a) O governo João Goulart, sobretudo na sua fase presidencialista, entre janeiro de 1963 e março de 1964, foi intensamente atacado por grupos conservadores contrários às suas diretrizes econômicas e políticas. A primeira charge aborda um aspecto econômico, na medida em que ressalta a inflação, heranças de governos anteriores que se agravava naquele momento. A segunda aborda um aspecto político, pois alude ao fantasma do comunismo, fazendo uma crítica no perfil esquerdista do governo de Jango. Esses dois aspectos foram habilmente trabalhadas pelos grupos conservadores, o que contribuiu para a deposição de João Goulart.
b) Os setores civis e militares que se articularam para a deposição de Jango, com o golpe de Estado de 1964, justificavam-se diante da sociedade apresentando o governo como incompetente, corrupto e esquerdista. Incompetente para superar a grave crise financeira que corroía os salários e construir um caminho alternativo para o nosso desenvolvimento; corrupto pelo apoio supostamente comprado que recebia dos partidos e sindicatos ligados ao regime populista; e esquerdizante dado o avanço de forças socialistas nos espaços políticos cedidos a elas pela postura conivente do Presidente e de seus aliados. Os três argumentos eram contestados pelo governo, o que não foi suficiente para evitar o desenlace golpista em 1964.



sábado, 5 de novembro de 2011

Economia e Sociedade Açucareira (século XVI e XVII)




DEPOIMENTO

Gabriel Soares de Sousa (1540-91) foi um dos principais cronistas nos primeiros tempos da colonização; em Tratado Descritivo do Brasil de 1587 ele observa a riqueza da cidade de Salvador:

Terá esta cidade oitocentos homens bons (proprietários), pouco mais ou menos, e por fora dela, em todos os recôncavos da Bahia, haverá mais de dois mil homens bons, entro os quais, somados aos da cidade, se pode ajuntar, quando for necessário, 500 homens de cavalo e mais dois mil a pé., fora gentes do navio que estão sempre no porto. Está no meio desta cidade uma honesta praça, em que se correm touros quando convém, na uqal estão de lado sul umas nobres casas, em que se abrigam governadores, e do lado norte estão as casas do negócio da Fazenda, a alfândega e os armazéns, e do lado leste está a casa da Câmara, a cadeia e outras casas de moradores, com que fica esta praça em quadro e o pelourinho no meio dela. Há muitos moradores ricos, possuidores de fazendas, de peças de ouro e prata, milhares de cruzados de renda , os quais propiciam a suas pessoas muita distinção e muitos cavalos, criados, escravos e vestidos demasiados, especialmente para as mulheres , porque não se vestem senão de sedas, já que a terra não é fria, no fazem grandes despesas.

(em “O Brasil Contado por Quem Viu”, de Jorge Caldeira – org.)


Exercício

A análise do quadro ao lado, “Moagem da Cana na Fazenda Cachoeira” de Benedito Calixto, datada de 1830, revela importantes informações acerca da economia e sociedade brasileira daquela época. Entre elas podemos citar:

a)      a importância da produção de biocombustível, a principal alternativa energética para a crescente indústria paulista.
b)      A agroindústria açucareira tinha como base o trabalho livre do imigrante europeu.
c)      A necessidade do uso de força de tração animal para a moagem da cana, estimulou a atividade pecuária.
d)      A produção em pequenas e médias propriedades agrícolas foi predominante na produção açucareira do nordeste brasileiro.
e)      A pintura retrata o cotidiano da mais importante atividade econômica voltada ao mercado interno desenvolvida na época do Império


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FILME DA HORA


Desmundo (2003) , dirigido por Alain Fresnot, é uma adaptação do livro Desmundo, da escritora Ana Miranda. Ambientado em na década de 1550, conta a história de um grupo de órfãs portuguesas, enviadas pelo Rei ao Brasil para que casassem com colonizadores que viviam na região de São Vicente.  A intenção era minimizar o nascimento dos filhos com as índias e que os portugueses tivessem casamentos cristãos. Entre elas estava Oribela (Simone Spoladore), acaba casando obrigada com Francisco de Albuquerque (Osmar Prado), um homem completamente rude, aliás como a grande maioria dos habitantes locais, e isolada na pequena propriedade rural de seu marido, um completo desconhecido para ela. Todos os temas importantes relacionados àquela sociedade colonial se fazem presentes no filme: a supremacia dos proprietários de terras e índios escravos, a resistência indígena, o patriarcalismo, o machismo e a inferioridade social e jurídica da mulher. Tudo isso em um filme intenso, que mostra com crueza a brutalidade em que se vivia a vida naqueles tempos. Para dar mais realismo, Alan Fresnot fez com que seus atores falassem numa prosódia idêntica àquela que se falava no Brasil no século XVI e com a ajuda de linguistas da UNICAMP recuperou o modo como falavam nossos antepassados de mais de quatrocentos anos atrás. Não se assuste: tem legendas em português!


Clique na imagem e assista uma cena de “Desmundo”

sábado, 15 de outubro de 2011

O Início da Colonização do Brasil (I)


Baixada Santista vista do satélite: "celula matter" da colonização portuguesa



ESSE LUGAR


São Vicente: pobreza, piratas e maremoto.

Apesar de ter abrigado a primeira vila portuguesa, os primeiros colonos e os primeiros engenhos de açúcar , a capitania de São Vicente era uma região muito isolada e pobre.  As primeiras edificações eram feitas de taipa de pilão (massa composta de palha e barro), mesmo as moradias dos mais ricos, igrejas e a Câmara Municipal. Por isso, são raras as construções daqueles tempos iniciais da colonização portuguesa, restando apenas algumas ruínas, quase sempre mal conservadas,  resquícios das igrejas ou colégios construídos pelos missionários jesuítas, como as do Abarebebê (leia texto abaixo). A economia açucareira ai não prosperava devido ao solo e clima inadequados e, sobretudo , à grande distância que separava aquela região dos mercados europeus.  Além disso, uma série de outros problemas dificultaram a vida dos primeiros colonos: em 1542, dez anos após a fundação da vila de São Vicente, um maremoto atingiu a cidade, com ondas violentas que destruíram completamente a Igreja, a Câmara Municipal e todas as casas da vila, menos uma, construída em pedra no sopé do morro Guaibú. Seis metros de água ficaram sobre o centro da antiga cidade. Na década de 1990 mergulhadores retiraram o pelourinho e os sinos da Igreja do fundo do mar.

 As vilas que foram surgindo na capitania – além de São Vicente,  Santos, Itanhaém  e Peruíbe – tornaram-se presas fáceis para piratas. Pouco antes do maremoto tinha sido invadida pelo espanhol Ruy Moschera que saqueou o porto, os armazéns e carregou tudo o que ele e seus homens podiam levar. A década de 1590  o inglês Cavendish e seu bando ocuparam São Vicente e Santos por 3 semanas, levaram o que puderam e atacaram todas as mulheres que viram pela frente.  Em 1615, outro pirata atacou São Vicente. Era o holandês Joris Van Spilbergen, que dividiu seus homens em duas colunas. Enquanto um grupo saqueava a Vila de São Vicente para obter alimentos, o outro invadia Santos. Os piratas ocuparam o engenho e entraram em luta com os moradores locais. Acabaram expulsos e a vida, aos poucos, voltou ao normal.


Abarebebê (“padre voador” em tupi) foi  o nome dado pelos timbiras ao padre Leonardo Nunes, jesuíta ordenado com vinte e poucos anos (não se sabe sua data de nascimento!) em 1548 e no ano seguinte veio para o Brasil acompanhado dos padres Manuel da Nóbrega e Anchieta. Foi um dos fundadores da aldeia de São João de Peruíbe, onde construiu a Igreja e o Colégio de São João feita de granito, barro e tijolo. Recebeu este nome pela rapidez com que se deslocava entre uma aldeia e outra. Logo após participar da fundação do colégio de São Paulo, morreu em um naufrágio em 1554.  Neste domingo (3 de abril de 2011) a Folha de São Paulo publicou uma matéria sobre o total estado de abandono das ruínas do Abarebebê em Peruíbe, fechada a visitação e tomada pelo mato que já provocou o desmoronamento de uma parede do conjunto, alguns meses atrás.


Exercícios


1. (UNESP)“A cana-de-açúcar começou a ser cultivada igualmente em São Vicente e em Pernambuco, estendendo-se depois à Bahia e ao Maranhão a sua cultura, que onde logrou êxito - medíocre como em São Vicente ou máximo como em Pernambuco, no Recôncavo e no Maranhão - trouxe em conseqüência uma sociedade e um gênero de vida de tendências mais ou menos aristocráticas e escravocratas.”

(Gilberto Freyre, "Casa-Grande e Senzala".) Tendo por base as afirmações do autor

a) cite um motivo do maior sucesso da exploração da cana-de-açúcar em Pernambuco do que em São Vicente.
b) Explique por que o autor definiu “o gênero de vida” da sociedade constituída pela cultura da cana-de-açúcar como apresentando “tendências mais ou menos aristocráticas”.

Orientação para resposta
a) favoreceu em PE : solo e clima adequados, muito $ investido, doatário experiente e empenhado / dificultou em SV :  solo e clima ruins, isolamento da capitania e grnade distância dos mercados consumidores.
b) a sociedade colonial açucareira herdou algumas caractrísticas da sociedade aristocrática europeia, onde a posse da terra garantia poder e privilégios.


2. (UNESP)“No Brasil, costumam dizer que para os escravos são necessários três PPP, a saber, pau, pão e pano. E, posto que comecem mal, principiando pelo castigo que é o pau, contudo, prouvera a Deus que tão abundante fosse o comer e o vestir como muitas vezes é o castigo. (André João Antonil, Cultura e opulência do Brasil por suas drogas e minas, 1711)

a) Qual a crítica ao sistema escravista feita pelo autor do trecho apresentado?
b) Indique dois motivos que explicam a introdução da escravidão negra na porção americana do Império português

Orientação para resposta
a) ao uso excessivo de violência contra o escravo, ao passo que comida e vestimentos eram poucos.
b) modelo econômico baseado na agricultura de exprtação exigia produção em larga escala e muita mão de obra; soma-se a isso as dificuldades de escravização do indígena e os interesses da Coroa e mercadores portugueses nos lucros obtidos com o tráfico de africanos.


sexta-feira, 7 de outubro de 2011

O Início da Colonização do Brasil (II)

tv 
PASSOU NA TV

A Muralha (2000) - Superprodução da Rede Globo esta minissérie (disponível em DVD e fácil de encontrar nas locadoras) retrata a vida na capitania de São Vicente, no início do século XVII. Era o período do domínio espanhol e o bandeirismo de caça e venda de índios como escravos voltava a acontecer com toda intensidade. Este é o contexto em que se entrelaçam uma série de tramas que envolvem os costumes, a relação com os nativos, a situação das mulheres e a rudeza da vida dos homens na região mais pobre e mais isolada dos domínios ibéricos. Baseada no romance homónimo de Dinah Silveira de Queiróz  foi realizada para as  comemorações dos 500 anos do descobrimento do Brasil, tem reconstituição de época muito caprichada e com grandes atuações de Tarcísio Meira, Alessandra Negrini, Matheus Naschtergale, Letícia Sabatela, entre outros.

Assista a trecho da minissérie “A Muralha”








  BOA LEITURA

  O Sombrio epílogo das capitanias

Poucos meses após Francisco Pereira (donatário da capitania da Bahia) ser devorado pelos Tupinambás, Pero de Campos Tourinho (donatário do Espírito Santo) foi preso pelos moradores de Porto Seguro  e remetido para Lisboa para ser julgado pela Inquisição. Àquelas alturas, Ilhéus já se encontrava praticamente despovoada, em poder dos Aimorés. Assim sendo, se nada restava das capitanias estabelecidas na outrora pacífica “Costa do pau brasil”.
Não era menos precária, nem menos dramática, a situação dos lotes que ficavam ao norte e ao sul daquela região. Desde o fracasso da expedição de Aires da Cunha (comandante militar português)  e da conquista do Amazonas pelos espanhóis, os portugueses tinham virtualmente desistido de ocupar a “costa leste-oeste”. Cunha morrera em naufrágio no Maranhão e João de Barros estava atolado em dívidas.
Por outro lado na remota “ costa do ouro e prata” apenas São Vicente se mantinha relativamente ativa. A capitania do Rio de Janeiro fora deixada no mais completo abandono por Martim Afonso, o mesmo acontecendo com a capitania de Santana (que ficava entre a ilha do Mel, no Paraná,  e Laguna, em Santa Catarina), jamais ocupada por Pero Lopes de Souza, que também havia desistido de colonizar Santo Amaro, após devastação provocada pelos Tamoio em 1539. Os Goitacás tinham expulsado Pero Góis de São Tomé, e Vasco Fernandes Coutinho, viciado em tabaco e em “bebidas espirituosas” perdera o controle sobre o Espírito Santo.
Dos 12 capitães do Brasil, apenas Duarte Coelho desfrutava de algum sucesso em Pernambuco, embora vivesse em aflições constantes, lutando contra os  Caetés e contra os traficantes de pau-brasil que se haviam instalado na abandonada capitania de Itamaracá. Além disso, o rei d.João III teimava em não responder suas cartas.

(Eduardo Bueno - Capitães do Brasil, pg. 269)



Interprete o Texto

O autor comenta a situação das capitanias instaladas no Brasil ao início da colonização e as razões que levaram a tal situação. Destaque os trechos que apontam como motivo para o insucesso do sistema:
a)      a hostilidade indígena
b)      falta de recursos ou de apoio estatal.


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quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Período Pré Colonial (até 1532)

João Ramalho por José Wasth Rodrigues (1891-57)
Com mais de 30 anos João Ramalho foi degredado para o Brasil, chegando ao litoral de São Paulo no ano de 1512. Quando Martim Afonso chegou naquela região para fundar a primeira vila portuguesa no Brasil vinte anos mais tarde, João Ramalho já era o grande senhor de terras e de escravos indígenas daquela região. Vivia próximo a atual cidade de Santo André (SP) e tinha dezenas de esposas e filhos, sendo que a principal delas foi Bartira, filha de Tibiriçá, principal chefe indígena tupiniquim.  Quando chegaram os jesuítas na região, escandalizaram com os modos daquele português que havia se indianizado. Pe. Manuel da Nóbrega escreveu ao rei português dizendo que Ramalho era “o motivo de um escândalo (petra scandali)...Tem muitas mulheres e eles e seus filhos andam com as irmãs de suas esposas e têm filhos delas. Vão à guerra com os índios e suas festas são de índios e assim vivem, andando nus com os mesmos índios.”

João Ramalho por Jayme Leão (1952)
O jesuíta quis impedir que João Ramalho se casasse na Igreja com Bartira pois o acusava o português de também dormir  com suas irmãs e outras parentas, o que no direito canônico implicava a proibição do casamento. Mas logo os padres perceberam que não só era inútil como indesejável uma disputa contra o escandaloso Ramalho, já que por seu intermédio recebiam o apoio de Tibiriçá para seu trabalho de catequese. Como ponta de lança da colonização poderia garantir tanto o sucesso ou  fracasso da missão.

Morreu após 1580, com em torno  de cem anos de idade, algo muito raro naqueles tempos. Nos registros da época  não foi possível elencar todos os herdeiros de João Ramalho que declarava possuir uma prole de 70 filhos.

Fonte: Dicionário do Brasil Colonial – Ronaldo Vainfás (org)


segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Ainda há indígenas desconhecidos pelos outros brasileiros


O mundo se espantou quando pesquisadores da Fundação Nacional do Índio (FUNAI) em maio de 2008, divulgou  fotos  mostrando índios até então desconhecidos pelos antropólogos, que vivem isolados no noroeste do estado do Acre, perto da fronteira com o Peru. As imagens aéreas foram feitas por pesquisadores da FUNAI e estamparam as primeiras páginas dos jornais do mundo inteiro. Num mundo tão globalizado é muito mais que curioso se dar conta que ainda existem pessoas tão alheias a existência das outras civilizações. Na foto ao lado,  surpresos, dois homens pintados de vermelho apontam suas flechas para o helicóptero, enquanto são observados por uma mulher  pintada de preto.  Nos registros, também é possível flagrar uma comunidade saudável, com cestos cheios de mandioca e mamão fresco cultivados em suas roças.

A tribo corre risco devido à entrada de madeireiros ilegais que têm invadido o território no lado peruano da fronteira. José Carlos dos Reis Meirelles, sertanista da Funai no Acre, lamenta as dificuldades. "É difícil convencer até o próprio Estado que eles existem. A partir disso, você demarcar um território maior para eles já é uma dificuldade – é um desafio porque você vai mexer com um monte de interesses. É o segundo desafio é manter realmente essa terra isenta de interferência externa", avaliou.
Informações da Folha de S. Paulo.

Exercício

A palavra índio, para designar os poços nativos da América, resultou, antes de tudo, do equívoco de Colombo, que julgou ter chegado às Índias e não a um novo continente, em 1492. Mas a palavra se difundiu no imaginário ocidental. No Brasil colonial, índio era um termo empregado para designar as mais diversas etnias, grupos e culturas que existiam entre os primeiros habitantes desta terra.
Sobre este assunto é correto afirmar que:
a) as populações indígenas formavam uma civilização com características sociais, étnicas e culturais totalmente homogêneas
b) o origem do uso do termo índio para se referir ao nativo habitante da América foi resultado de uma profunda semelhança cultural existente entre estes povos e as sociedades orientais com as quais os países ibéricos mantinham fortes relações comerciais
c) apesar de se encontrarem em um estágio de evolução cultural muito diferentes dos portugueses, os povos indígenas da América Portuguesa possuíam uma estrutura política muito semelhante a aquelas que predominavam na Europa na mesma época
d) de um modo geral, os índios do Brasil praticavam uma economia de subsistência e de base agrícola, marcada pela produção de artigos, até então, desconhecidos pelos colonizadores europeus como o milho, a batata e a mandioca
e) todos os habitantes nativos da América Portuguesa pertenciam ao tronco lingüístico tupi-guarani, sendo que uma das particularidades de seu idioma era a inexistência das letras F, L e R.

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sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Os 4 melhores filmes sobre ÍNDIOS, já feitos no Brasil.



Hans Staden (2000), de Luiz Alberto Pereira. Narrativa da aventura real de um marinheiro alemão que naufragou no litoral de Itanhaém (SP) em 1548 e,  depois de viver algum tempo com os portugueses, foi aprisionado por uma tribo com a qual  conviveu durante quase dois anos, participando de suas caçadas , guerras e dos ritos de canibalismo, que foram descritos em detalhes por Staden em seu livro “Duas Viagens ao Brasil”, rico em ilustrações,  publicado pouco tempo de pois de ter voltado para a Europa, em 1550. É neste relato sensacional em que se baseia o filme.



Como Era Gostoso Meu Francês (1971), de Nélson Pereira dos Santos. A história de um náufrago francês aprisionado por uma tribo de índios no litoral brasileiro e sua convivência com eles enquanto espera pela grande festa antropofágica em que ele será o prato principal. Na época  causou muita polêmica, já que foi exibido nos cinemas no auge do regime militar e a censura cortou boa parte do filme em razão das cenas de nudez. Liberado, foi o maior sucesso de bilheteria daquele ano. É tido por muitos amantes do cinema como um dos melhores filmes brasileiros de todos os tempos.





Caramuru – A Invenção do Brasil (2001), de Guel Arraes, conta de uma forma quase carnavalesca a história real do português Diogo Álvares que no começo do século XVI naufragou (ou foi degredado, não se sabe!) na costa da Bahia e acabou caindo nas graças dos índios tupinambás da região. Por isso, acabou desempenhando um papel muito importante no início da colonização do Brasil. Álvares é considerado um dos precursores do povoamento e o primeiro português que se tem registro a casar-se e ter filhos com as nativas. A versão de Arraes sobre o mito consegue ser muito divertida e bem sustentada por um elenco jovem e belo como Camila Pitanga, Débora Secco, Selton Melo, Débora Bloch, entre outros.
   



Yndio do Brasil (1995), de Silvio Back, é um documentário que costura diversas trechos de filmes (documentários e ficções), fazendo uma análise das formas como os índios foram retratados no Brasil, desde as primeiras imagens de indígenas feitas, em 1912, até outras mais recentes.  A narrativa é poética e muito bem hukmorada, ao mesmo tempo, levando às vezes o espectador explodir em gargalhadas. Back faz uma análise histórica de como foi construída a imagem do índio no Brasil, como ele apareceu nos filmes e na literatura ao longo dos tempos. É um dos melhores documentários já produzidos pelo cinema brasileiro.



Clique nas imagens e veja trechos dos filmes.